Honolulu Star Bulletin - Companhia aérea espanhola é acusada de 'discriminação' após desembarcar adolescentes judeus franceses

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Companhia aérea espanhola é acusada de 'discriminação' após desembarcar adolescentes judeus franceses
Companhia aérea espanhola é acusada de 'discriminação' após desembarcar adolescentes judeus franceses / foto: Josep Lago - AFP/Arquivos

Companhia aérea espanhola é acusada de 'discriminação' após desembarcar adolescentes judeus franceses

Cerca de 50 adolescentes franceses de confissão judaica que retornavam de férias na Espanha foram desembarcados de um avião, o que levou a associação organizadora da viagem a anunciar, nesta quinta-feira (24), sua intenção de apresentar uma denúncia por "discriminação" contra a companhia aérea espanhola Vueling.

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Em um comunicado publicado nesta quinta-feira na rede social X, esta companhia aérea de baixo custo acusou os adolescentes de "comportamento inadequado e uma atitude altamente conflituosa, colocando em risco o correto desenvolvimento do voo".

Mas a associação Club Kineret, organizadora do acampamento, desmentiu "formal e categoricamente" a versão da Vueling.

"Vamos apresentar uma denúncia por violência física, psicológica e discriminação por motivos religiosos", declarou à AFP a advogada do Club Kineret, Julie Jacob, que também mencionou "circunstâncias agravantes" já que se trata — pelo menos em parte— de "menores com menos de 15 anos".

A associação informou em seu comunicado que o grupo era composto por "44 adolescentes (...) acompanhados por sete adultos".

O incidente ocorreu na tarde de quarta-feira (23), quando os menores, que estavam na Espanha há duas semanas, estavam prestes a viajar de Valência para Paris.

Segundo a Vueling, os adolescentes "manipularam de forma indevida materiais de emergência e interromperam ativamente a demonstração obrigatória de segurança".

"Apesar dos múltiplos avisos, a conduta inadequada persistiu, o que obrigou à ativação imediata dos protocolos de segurança estabelecidos. A tripulação (...) solicitou a intervenção da Guarda Civil que, após avaliar a situação, procedeu ao desembarque do grupo", detalhou a companhia aérea.

A Vueling também afirma que "o comportamento agressivo do grupo continuou" fora do avião, e que uma das acompanhantes adultas foi presa.

Um vídeo que circulou nas redes sociais mostra uma jovem algemada no chão por agentes da Guarda Civil.

- Se negou a obedecer -

Consultada pela AFP, uma porta-voz da Guarda Civil confirmou o relato da Vueling, afirmando que os membros do grupo não obedeceram às instruções repetidas da tripulação.

A monitora foi presa "porque se negou a descer do avião e a obedecer aos agentes", acrescentou, especificando que foi liberada pouco tempo depois.

No entanto, a associação Club Kineret rejeita esta versão e fala de uma "cena de uma brutalidade incomum, injustificada e claramente tendenciosa".

"Nenhum incidente, ameaça ou comportamento inadequado (por parte dos adolescentes) foi relatado", afirma o comunicado.

O Club Kineret também garantiu que "vários passageiros independentes que estavam no avião redigiram declarações por escrito confirmando que os jovens não representavam nenhum perigo para a ordem pública nem para a segurança do voo".

Diante disso, alguns pais já haviam falado na mídia contra a versão da Vueling.

Os adolescentes estavam "tranquilos" quando a Guarda Civil chegou, afimrou Karine Lamy, mãe de um deles, denunciando um "ato antissemita".

Outra mãe, que preferiu permanecer no anonimato, disse que a monitora detida, de 21 anos, foi "jogada no chão e levada à força" pela Guarda Civil, depois de tentar impedir que os telefones dos jovens fossem confiscados, com o objetivo de evitar que os agentes apagassem os vídeos gravados.

"No avião não eram 50 cantando", acrescentou, questionando "a imagem estereotipada do retorno de um acampamento com 50 jovens descontrolados".

"Não gosto de dizer que foi antissemitismo, mas neste caso não vejo o que mais poderia justificar isso", acrescentou.

"Eles os fizeram descer como cachorros", sentenciou, apontando que os menores eram "crianças de 12 ou 13 anos".

M.Akona--HStB